Organização Mundial da Saúde, governos e outras entidades têm lançado recomendações para lidar com estresse, ansiedade e condição de isolamento
A saúde física da população infectada com a covid-19 é a preocupação mais urgente da pandemia do novo coronavírus. Mas não é a única – os desdobramentos da crise também causam impacto negativo na saúde mental das pessoas.
Em uma rotina que já é marcada pelo bombardeamento constante de informações e incertezas a respeito do cenário local e mundial, soma-se a falta de convívio social decorrente da necessidade de diminuir o contato para conter a propagação do vírus. É uma receita que pode afetar o psicológico de diversas formas.
“Pessoas que não têm histórico de problemas de saúde mental de repente estão enfrentando dificuldades para dormir, se concentrar e seguir com suas vidas cotidianas normais. Aqueles com histórico de ansiedade e transtorno obsessivo compulsivo viram seus sintomas se exacerbarem com as notícias da covid-19”, escreveu Amir Khan, médico do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido e professor da Universidade de Leeds, em um artigo para a al-Jazeera.
O médico observa que os protocolos anunciados para prevenir a contaminação, como lavar as mãos constantemente e limpar superfícies como maçanetas, podem estar piorando a condição de pessoas com Toc (transtorno obsessivo compulsivo), que muitas vezes já apresentam comportamentos repetitivos de higiene. Ainda que isso possa não parecer tão ruim no momento atual, é um problema porque pode chegar ao ponto de impedi-las de fazer qualquer outra coisa. Já a sensação de falta de controle e a espera de que algo aconteça são grandes potencializadores de transtornos de ansiedade.
“O primeiro conselho é reconhecer que é [uma situação] estressante. Saber que sentimentos de tristeza ou ansiedade, medo e mesmo depressão são totalmente normais”
Dicas gerais
CONSUMO DE INFORMAÇÃO Limitar o tempo gasto acompanhando notícias sobre a pandemia. A OMS recomenda procurar atualizações em horários definidos, apenas uma ou duas vezes por dia. Restringir o consumo de informação às fontes confiáveis, como sites de notícia com credibilidade e canais oficiais. Fatos podem ajudar a minimizar o medo, ao contrário de rumores e especulações. Buscar notícias positivas, por exemplo sobre quantas pessoas infectadas foram curadas. Afastar-se um pouco das redes sociais também pode ser necessário, silenciando perfis e grupos que estejam sobrecarregando o feed com notícias ruins.
ROTINA Manter uma rotina tanto quanto possível, executando tarefas diárias. Incluir nela alguma variedade e momentos de relaxamento também é importante.
SAÚDE E BEM-ESTAR Manter uma dieta saudável, fazer exercícios físicos mesmo dentro de casa, permanecer hidratado e ter contato com a luz do sol sempre que possível. Evitar lidar com o estresse usando álcool e tabaco, que pioram o bem-estar físico e mental a longo prazo, também é importante.
COMUNICAÇÃO COM FAMILIARES E AMIGOS Manter contato com a família e os amigos por todos os meios disponíveis, fazer ligações e videoconferências regularmente. Engajar a família e outras redes de apoio para compartilhar informações confiáveis sobre prevenção e comunicar às pessoas o desejo de estar em contato com elas durante o período de isolamento, incorporando esse momento à rotina. Falar com pessoas próximas sobre como está se sentindo pode ser de grande ajuda. Muitas pessoas já estão adotando maneiras criativas de se estar juntas, organizando virtualmente reuniões como happy hours, cultos e clubes do livro.
Grupos específicos
PROFISSIONAIS DE SAÚDE Trabalhadores da área da saúde estão sentindo de maneira especialmente drástica as pressões dessa crise. O estresse e as sensações ligadas à ele “não significam que você não seja capaz de fazer o seu trabalho ou que seja uma pessoa fraca”, lembra a OMS. Fazer pausas e descansar bastante entre os turnos de trabalho é indispensável. Caso pessoas do seu convívio estejam evitando contato por medo de se contaminar, conversar com colegas a respeito pode trazer um conforto importante, afinal eles devem estar na mesma situação.
CRIANÇAS Falar com elas sobre o que está acontecendo de maneira honesta e apropriada à idade. Incentivá-las a expressar seus medos e ansiedades de forma positiva. É importante manter a rotina familiar mas também criar uma nova rotina que inclua atividades pedagógicas e lúdicas, que tentem compensar a falta da escola.
IDOSOS E PESSOAS COM CONDIÇÕES PRÉ-EXISTENTES Estas pessoas fazem parte do grupo de risco e estão mais vulneráveis à pandemia, o que pode fazer com que enfrentem uma ansiedade ainda mais severa. Cuidados já mencionados, como exercícios, contato com a família e amigos e acesso a informações confiáveis, que permitam se prevenir, são ainda mais importantes para proteger a saúde mental nesses casos.
Fonte: nexojornal
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